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Foto do escritorRafael Telles

O pior do armário

Vivemos num mundo onde frequentemente temos que esconder partes de quem somos pra ser aceitos. Desde criança, somos ensinados a nos encaixar em certos padrões; quem nunca ouviu que homem não chora? Com o tempo, vamos criando máscaras pra nos proteger. Mas e quando essas máscaras começam a sufocar a nossa verdadeira essência? É um dilema que muitos enfrentam, especialmente em uma sociedade que ainda lida com preconceitos e expectativas rígidas sobre como devemos nos comportar e quem devemos ser... ou parecer.


É exatamente sobre isso que o filme "Carlinhos e Carlão", disponível no Prime Video, retrata de maneira leve e divertida. A trama acompanha a história de Carlão, um cara durão e machista, típico representante da masculinidade tóxica que a sociedade insiste em criar. Carlão é o chefe de uma oficina mecânica e vive cercado por colegas que compartilham das mesmas visões limitadas e preconceituosas. Sua vida, aparentemente sólida e inabalável, vira de cabeça pra baixo quando ele é sugado pelo armário e encontra Carlinhos, uma versão de si mesmo que ele reprimiu por anos.


A convivência forçada entre Carlão e Carlinhos é tanto hilária quanto profunda. O filme utiliza esse artifício para explorar as diferentes facetas de um mesmo indivíduo, trazendo à tona a luta interna entre o que somos e o que mostramos ao mundo. Luis Lobianco, que interpreta Carlão e Carlinhos, oferece uma atuação brilhante, conseguindo transmitir a dualidade do personagem de maneira convincente e comovente. O roteiro consegue equilibrar humor e drama, evitando cair em clichês fáceis e oferecendo uma visão sensível e crítica das pressões sociais que moldam nosso comportamento.


No fim das contas, "Carlinhos e Carlão" nos lembra da importância de sermos fiéis a nós mesmos. O filme nos convida a rir e, ao mesmo tempo, refletir sobre as máscaras que usamos e o impacto delas nas nossas vidas e nas vidas das pessoas ao nosso redor. Essa é uma comédia com coração e uma mensagem poderosa, lembrando-nos que a verdadeira coragem está em abraçar quem somos de verdade, com todas as nossas contradições e singularidades.

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