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Foto do escritorRafael Telles

Liberdade e pertencimento

Fazer parte de algo coletivo que amplifique e proteja a fragilidade da individualidade é um anseio que está para além dos assuntos da sexualidade, no entanto, é entre os homens gays que vemos uma busca descontrolada e sem norte por tal reconhecimento, na maioria das vezes com o único estímulo de ser percebido e desejado, algo que nos remete ao mais primordial instinto animal de migração para ‘reprodução’. Mas nessa busca cega por querer fazer parte, muitas vezes esquecemos de nos questionar o porquê de querermos esse status, e principalmente, se as pessoas que já estão lá, estão realmente melhores por isso ou estão apenas vivendo o outro lado desse teatro de mentiras sociais.


O filme FIRE ISLAND, disponível no STAR +, fala EXATAMENTE dessa ótica. A história contada é sobre um grupo de amigos que todo ano ‘migram’ para uma ilha que é a “Disney” dos gays, termo usado no próprio filme para se referir ao lugar de festas e diversão, regadas com drogas e sexo. Assim como o Filme IN FROM THE SIDE, Fire Island também tinha tudo para ser perfeito, mas é de uma superficialidade absurda; o que talvez reflita exatamente a maneira como vivemos hoje.


A trama tem dois eixos principais, dois amigos com visões opostas de relacionamento; enquanto um sonha com um amor monogâmico e seguro, o outro acha que a monogamia é uma indústria controladora dos desejos humanos, e que ele não precisa de outra pessoa para ser feliz, muito menos deve se limitar sexualmente. Todo o desenrolar da história seria então pautado em fazer o amigo romântico transar sem se apegar, caminhando assim para uma comédia romântica; mas nem tão comédia e nem tão romântica assim.


A produção serve para colocar luz num comportamento cada vez mais balizador entre os homens gays, que é a segmentação dentro da própria bolha. É importante reconhecer que nem todos os homens gays se enquadram nesses extremos ou grupos. A sexualidade é um tema diverso e cada indivíduo tem suas próprias experiências, desejos e necessidades.


Em última análise, o fundamental é que todos tenham o direito de explorar e definir seu próprio caminho nos relacionamentos, livre de julgamento e pressão externa. O importante é ser feliz.

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