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Foto do escritorRafael Telles

Paternidade homoafetiva e a impotência social LGBT

Atualizado: 1 de jan.



Filhos sempre foram um sonho pra mim, também sempre fui apaixonado por sobrenomes, daí minha mania de imaginar como seriam os sobrenomes dos meus filhos toda vez que encontro alguém com quem acho que isso poderia acontecer: Telles de Guimarães, Telles de Albuquerque, e o último, Telles de Morais.


De certa forma o filme italiano disponível na Netflix, Laços de afeto, é sobre isso; o desejo de dois pais homossexuais virem seus nomes juntos na certidão de nascimento do filho. Parece algo simples e óbvio, mas para nós, LGBTs, é sempre uma luta judicial, afinal, a sociedade está longe de entender o real sentido da palavra Família, inclusive criaram mecanismos para dificultar isso.


A produção conta a história da vida perfeita de uma família homoafetiva. Calma! Eu disse perfeita? Aff, todo mundo sabe que não existem vidas perfeitas, é esse o gancho que faz toda a trama do filme se desenrolar. O que acontece quando seus pais gays resolvem se separar?



Em paralelo ao enredo do núcleo familiar, ainda temos uma outra questão social: AS PESSOAS ACHAM QUE FILHOS DE HOMENS GAYS TAMBÉM SÃO GAYS... seguindo essa lógica eu deveria ser hetero, certo?! Mas confesso que esse pensamento me assombrou por muito tempo. Como eu criaria um filho homem sem reproduzir as convenções sociais sobre o que é ser homem? Até que eu realmente entendi que ser homem não tem nada a ver com a cor azul, muito menos com futebol ou qualquer outro desses mitos enraizados em nossa cultura machista que parece já ter uma receita pronta de como devemos viver.


Vocês se lembram daqueles cadernos de perguntas comuns entre crianças e adolescentes dos anos 90? Eu sempre respondia que me casaria aos 20 ans eo teria 5 filhos...(RECAUCULANDO ROTA!) Cá estou aos 37 sem coragem de fazer isso a menos que tenha um companheiro para dividir as alegrias e responsabilidades. Eu não acredito em felizes para sempre, mas assim como fica claro no filme, não importa o para sempre, o importante é o acumulado de dias que um a um vão deixando nossas histórias mais robustas e especiais.


Esse é um drama cômico que vai te arrancar boas risadas e algumas lágrimas. Preparem a pipoca e aproveitem!


Lição: Não existem relações perfeitas


Ainda que a família seja formada por duas pessoas do mesmo sexo, ela compartilha dos mesmos desafios e conflitos enfrentados por qualquer outra família, inclusive quando há um divórcio.


É preciso reconhecer que a diversidade é uma riqueza e que as pessoas devem ter o direito de escolher livremente como querem viver suas vidas e formar suas famílias, sem serem julgadas ou discriminadas por isso. Afinal, o amor e o respeito são valores universais que devem estar presentes em todas as relações, independentemente de gênero, orientação sexual ou modelo de família.


Data de lançamento: 21 de fevereiro de 2022 (Itália)


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